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Mães contestam exigência do Bolsa Família para uso de transporte escolar
Associação critica critérios e pede atenção às crianças autistas
Por Rádio Serraria
Publicado em 19/11/2025 19:55 • Atualizado 19/11/2025 19:56
Diadema

Na sessão da Tribuna Livre da Câmara Municipal de Diadema desta semana, mães da associação das Mães Autistas de Diadema (MAD) denunciaram critérios considerados injustos para o recadastramento do transporte escolar. A presidente da entidade, Eliane Campelo, questionou a exigência de comprovante de beneficiário do Bolsa Família e laudo médico de dificuldade de locomoção. “Qual o critério para estar pedindo um comprovante que é beneficiário do Bolsa Família para o transporte? O que uma coisa tem a ver com a outra?”, indagou. Ela destacou que crianças autistas não apresentam, em sua maioria, problemas motores, mas sim dificuldades sensoriais e de comunicação, que exigem acompanhamento constante de monitores.  

A pauta da saúde também ganhou força com o relato de Flávia da Silva, integrante da associação, sobre o uso de Cannabis medicinal no tratamento do filho. “Eu divido a nossa vida em duas fases: antes do Cannabis e depois do Cannabis. Tem seis meses que ele não deu uma crise forte. Esse medicamento é primordial para os nossos filhos e é urgente”, afirmou. Ela ainda criticou a falta de estrutura nos núcleos de atendimento da cidade, lembrando que há apenas uma fonoaudióloga para atender todas as crianças de Diadema, além da ausência de exames básicos para diagnóstico de deficiência intelectual.  

A maioria dos vereadores reagiram às denúncias. Gel Antonio, por exemplo se mostrou indignado com a exigência do Bolsa Família como critério para transporte escolar. “Eu tô aqui abismado com esse pedido. Nem todo mundo está cadastrado no Bolsa Família. Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa”, declarou. Ele defendeu a criação de uma comissão para acompanhar a Secretaria de Educação e parabenizou o vereador Josa Queiroz pelo projeto que trata da distribuição de Cannabis medicinal pelo SUS. “Essa casa está sempre aberta para vocês virem aqui”, concluiu Gel Antonio, reforçando apoio às reivindicações das mães.  

Câmara promete esclarecimentos — Em respostas às representantes do alunos autistas, o vereador Juninho do Chicão defendeu a prefeitura ao tratar do recadastramento dos beneficiários do transporte escolar. Segundo ele, “o cadastro é obrigatório, o benefício não”, garantindo que o direito das famílias não será perdido. O parlamentar explicou que a Secretaria de Educação realiza um levantamento para identificar “quantas crianças têm Bolsa Família, quantas não têm e qual o grau de necessidade”, mas reforçou que isso não afetará o acesso ao transporte. Juninho também destacou avanços na saúde e educação, lembrando que “quando chegamos nesta cidade só havia um neuropediatra, hoje já são três”, além da criação das mães protetoras como monitoras.  

Representantes do Movimento Autismo em Defesa (MAD) contestaram a condução do processo e afirmaram que “não é politicagem, é desconfortante eu como mulher estar diante de um descontrole desses”. O grupo disse que tentou reunião com a Secretaria de Educação, mas o pedido foi negado. O vereador Rodrigo Capel, presidente da Câmara,  propôs encaminhar o caso à Comissão Permanente de Assistência Social para esclarecer se há exigência financeira oficial da prefeitura, lembrando que o recadastramento começa no dia 24. Já Eliane reforçou que “nosso WhatsApp tem 600 famílias que nos cobram respostas” e pediu acompanhamento da Câmara até a próxima semana, enquanto Josa Queiróz criticou o uso da tribuna livre sem encaminhamentos práticos, defendendo maior efetividade nas respostas.  

Juninho do Chicão reiterou em plenário que não haverá cortes no transporte de alunos autistas. Segundo ele, o processo atual é apenas um diagnóstico para melhorar o serviço. “Esta Câmara mais uma vez está dando recado à sociedade de que não vai se omitir na escuta da população”, declarou. Uma comissão de vereadores se reunirá com os secretários de Educação e Assistência Social para esclarecer dúvidas e garantir transparência. O parlamentar destacou ainda que o tema deve ser tratado com união, deixando de lado disputas partidárias.

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