O cumprimento da meta fiscal é uma das principais ferramentas para avaliar a saúde financeira de um governo.
Ele indica se receitas e despesas estão evoluindo de forma equilibrada e se o município consegue gerar resultado suficiente para manter suas contas em ordem.
Na prática, cumprir a meta fiscal significa gastar dentro do planejado e arrecadar o necessário para evitar desequilíbrios.
Os dados apresentados no Anexo de Metas Fiscais da LDO 2026 da Prefeitura de Diadema mostram uma trajetória mista ao longo dos últimos anos, com avanços importantes, mas também sinais de alerta.
O resultado primário — indicador que compara receitas e despesas sem considerar juros da dívida — tem se mantido positivo e crescente nas projeções para 2026, 2027 e 2028.
Em 2024, no entanto, o município não conseguiu cumprir a meta prevista.
O resultado primário realizado foi de R$ 165 milhões, bem abaixo da meta de R$ 263 milhões, uma queda de 37,5% em relação ao planejado.
Isso indica que, naquele ano, as despesas cresceram mais do que o esperado ou a arrecadação ficou aquém do previsto.
Apesar desse tropeço, as projeções para 2026 mostram recuperação. O resultado primário estimado para 2026 é de R$ 239,9 milhões, com crescimento previsto para os anos seguintes, chegando a R$ 317 milhões em 2028.
Esse avanço sugere que o município espera maior controle de gastos e melhora na arrecadação.
Por outro lado, o resultado nominal — que considera a variação da dívida — permanece negativo, o que significa aumento do endividamento líquido.
Em 2024, o resultado nominal foi de –R$ 42,8 milhões, e a tendência é de valores ainda mais negativos nos anos seguintes, chegando a –R$ 49,4 milhões em 2028.
Isso indica que, mesmo com superávit primário, a dívida total continua crescendo.
A dívida consolidada líquida também apresenta trajetória de alta. Em 2024, ela estava em R$ 851 milhões e deve alcançar R$ 982 milhões em 2028.
O aumento da dívida, mesmo com melhora no resultado primário, mostra que o município ainda enfrenta pressões financeiras estruturais.
Outro ponto crítico é a situação previdenciária. O déficit anual do regime próprio de previdência dos servidores (RPPS) cresce de forma contínua.
Em 2024, o rombo foi de R$ 58,9 milhões, e as projeções mostram déficits cada vez maiores, ultrapassando R$ 200 milhões anuais nas décadas seguintes. Esse é um dos fatores que mais pressionam as contas públicas.
Apesar desses desafios, a arrecadação total do município tem crescido. A receita total prevista para 2026 é de R$ 2,46 bilhões, subindo para R$ 2,83 bilhões em 2028.
O aumento da receita ajuda a sustentar o superávit primário, mas não tem sido suficiente para conter o avanço da dívida e do déficit previdenciário.
No balanço geral, a situação fiscal de Diadema mostra melhora no curto prazo, especialmente no cumprimento das metas primárias projetadas.
No entanto, a tendência de aumento da dívida e o forte desequilíbrio previdenciário indicam que o município ainda enfrenta problemas estruturais que podem comprometer o equilíbrio fiscal no futuro.
Assim, embora o cumprimento das metas fiscais esteja em trajetória de recuperação, o cenário exige atenção. A sustentabilidade das contas públicas dependerá da capacidade de controlar despesas obrigatórias, ampliar a eficiência da arrecadação e enfrentar o desafio crescente do déficit previdenciário.